Quais as possíveis complicações que podem ocorrer com os implantes?

                Os implantes dentários são uma opção valiosa de tratamento para melhorar a saúde bucal e a qualidade de vida, principalmente em pacientes sem presença dos dentes. No entanto, os implantes dentários podem falhar em diferentes momentos, a partir do período em que são inseridos. Existem as falhas precoces (antes do implante receber a coroa) e as falhas tardias (após a colocação da coroa). Todavia, a terapia com implantes também pode apresentar complicações, que não necessariamente levam à falha do implante.

                Existem as complicações protéticas e as biológicas. As complicações protéticas incluem perda do material que cobre o parafuso, afrouxamento do parafuso, mobilidade da prótese, fratura e/ou lascamento da porcelana, entre outras. Já as falhas biológicas englobam a inflamação dos tecidos moles peri-implantares que podem resultar ou não em perda óssea. Se não houver perda óssea ao redor do implante, temos a mucosite e se houver perda óssea, temos a peri-implantite.

Como podemos prevenir complicações protéticas em próteses sobre implantes?

                Embora altas taxas de sobrevida tenham sido relatadas com próteses sobre implantes, complicações protéticas são frequentes. Os pacientes devem ser informados da prevalência de complicações protéticas e da necessidade de protocolos rigorosos de manutenção (Chochlidakis K et al; 2020) . Fatores de risco como bruxismo, não usar placa miorrelaxante e o tipo de dentição oposta devem ser considerados durante o planejamento do tratamento. É preciso entender que pacientes com implantes não têm a mesma propriocepção de pacientes com dentes, apresentando uma força mastigatória maior, sendo, portanto, necessária a proteção da prótese pela placa miorrelaxante, principalmente quando ambas as arcadas apresentam prótese sobre implante ou quando uma das arcadas é prótese sobre implante e a outra dentes ou próteses sobre dentes.

E quanto às falhas biológicas dos implantes?

                Com um melhor entendimento da biologia da cicatrização de feridas e das ciências dos materiais, os implantes, como tratamento, tornaram-se cada vez mais bem-sucedidos e previsíveis. No entanto, os implantes geralmente sofrem mais complicações em comparação com os dentes e, portanto, requerem mais cuidados de manutenção. A detecção precoce e a prevenção de doenças peri-implantares são necessárias para a sobrevivência em longo prazo do implante. Como as causas e o desenvolvimento das doenças peri-implantares são semelhantes em muitos aspectos às doenças periodontais (que acometem os dentes), sugeriu-se que a manutenção de rotina dos implantes deva ser estruturada de acordo com as diretrizes de pacientes com doenças periodontais. Explicando melhor, se você fez implantes devido a perda dos dentes por doença periodontal, o acompanhamento dos seus implantes deve ser o mesmo que seria executado se você ainda tivesse os dentes (Goh e Lim; 2016)

                São necessárias mais informações quanto aos procedimentos de limpeza para que o paciente consiga fazer uma higienização adequada uma vez que existem algumas diferenças das próteses sobre dentes e próteses sobre implantes. Pacientes que fumam e / ou com histórico de doença periodontal são mais suscetíveis ao desenvolvimento de doenças peri-implantares.

                Um estudo recente relatado por Tan et al, em 2016, verificou que, com o manejo adequado dos fatores de risco conhecidos antes da colocação do implante, seguidos por um protocolo de manutenção rigoroso, os pacientes periodontalmente saudáveis e os susceptíveis à doença periodontal tiveram um desempenho igual após um período de 6 anos. Isso, portanto, destaca a importância da manutenção. Dado o crescente número de implantes colocados nos últimos anos e em um futuro previsível, é inevitável que a manutenção dos implantes e o tratamento da doença peri-implantar sejam passados a ser o próximo desafio na Implantodontia.

Leituras sugeridas

Chochlidakis K, Einarsdottir E, Tsigarida A, Papaspyridakos P, Romeo D, Barmak AB, Ercoli C. Survival rates and prosthetic complications of implant fixed complete dental prostheses:  up to 5-year retrospective study. J Prosthet Dent. 2020 Jan 2

Goh, E. X. J., & Lim, L. P. Implant maintenance for the prevention of biological complications: Are you ready for the next challenge? Journal of Investigative and Clinical Dentistry, 2016; 8(4), e12251.

Tan WC, Ong MM, Lang NP. Influence of maintenance care in periodontally susceptible and non-susceptible subjects following implant therapy. Clin Oral Implant Res. 2016.